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O dia em que Antônio fez em segundos o que demorei anos para aprender.

Dizem as más línguas dos pesquisadores que os animais tendem a se parecer e copiar a personalidade do seus humanos.


Independentemente dos estudos, eu e Antônio temos uma conexão surreal. Nós nos parecemos: principalmente no humor abobalhado e na receptividade com os novos membros da família.


Antônio foi o primeiro gato da leva felina e, a cada novo membro que chegava, recebia de patas abertas e com muita animação; contrariando quem diz que gatos não gostam da companhia de outros gatos.


Eis que quase dois anos depois, chega um gato diferenciado: todo branco e de orelhas grandes e que anda pulando. Ainda assim, Tunico acolheu ao novo irmão, chamado Frederico.


Porém, se tem um animal que é mais territorialista que o gato: é o coelho.


O gato pode dominar a humanidade. Mas o mundo? Será dominado por coelhos.


Nessa rinha de territórios, Antônio entendeu que levaria um pau do Frederico e fingiu aceitar a derrota.


Não obstante, Marina, que por várias vezes durante sua infância foi vista como um frango frito ambulante, cresceu ao lado de Frederico, resultando em um pato marreco com síndrome de ganso e que se acha coelho. Sendo assim, com uma certa rivalidade com Antônio.


E é neste cenário de família unida que Antônio me ensinou em segundos o que demorei 29 anos para aprender:


Num dia de sol, estava sentada na varanda com meu ganso da shoppee e eis que Antônio viu a porta aberta e quis se sentar ao meu lado.


Porém, ao notar que Marina estava ali, me olhava e depois olhava para a pata, me dizendo que não estava seguro, mesmo eu sendo o ser humano que ele mais confia no Universo.


Ele sabia que eu jamais deixaria algum mal lhe acontecer e que o protegeria de Marina.


E, ainda assim, Antônio ficou de longe esperando que o pato fosse embora.


Foi nesse momento que entendi a sabedoria do animal que demorei tantos anos para aprender: pode ser o ser humano que você mais ama e confia, porém, se a situação que ultrapassa seus limites, você se respeita.


Antônio não expulsou Marina, nem esperou que eu a tirasse de lá para ficar com ele. Ele respeitou pacientemente seu limite até que se sentisse seguro para sair.


E saiu, no tempo dele.

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Prazer, a humana.

Olá, meu nome é Marcela Figueiredo, sou artista, autista, psicóloga e arteterapeuta responsável por uma linda - e enorme - família multiespécie. Seja bem-vinde ao nosso mundo.
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