Aprecie zebras: a desvalorização do outro não te torna melhor.

Em um passeio familiar de domingo no zoológico, fiquei encantada com a forma como o espaço conseguia ser organizado e prolífero, mesmo com o evidente sucateamento. Já cansada de tanto caminhar, estava decidida a ir para casa quando vi uma placa apontando o caminho para o recinto da zebra.

Não pensei duas vezes antes de correr para ver esse animal tão esplendoroso. A zebra ficava no final do parque, o que significava uma longa caminhada, de cerca de quinze minutos. Quando finalmente me deparei com o animal, senti-me pequena diante das cores pretas e brancas e da perfeição de suas listras.

"Nossa, caminhei 5 km para ver uma zebra!", comentou um senhor ao meu lado, com desdém, arrancando risadas da esposa. Naquele momento, pensei: "Se quer ver uma manada, vá para um safári".

Foi aí que me peguei refletindo sobre como, muitas vezes, temos o hábito de desvalorizar experiências que não correspondem exatamente às nossas expectativas. O zoológico, por exemplo, é uma tentativa de mitigar as consequências do tráfico de animais e de educar sobre a importância da conservação das espécies. Isso implica escolhas conscientes sobre a quantidade e o tipo de espécies que podem ser abrigadas. Ainda assim, há quem se fixe apenas na idealização de que o outro deve se curvar às suas fantasias, em vez de valorizar o que está bem diante de seus olhos.

Nossa sociedade parece tão competitiva que constantemente desmerecemos os outros para que possamos nos aceitar. Sabe aquela pessoa que, para se sentir bem consigo mesma, precisa desmerecer o outro? Pois é. O jardim do outro não será menos verde só porque você diz que é, ou porque você não gosta do seu. Em vez de olhar para o outro, olhe para si mesmo.

A perfeição das listras da zebra não está em sua quantidade, mas em sua existência. Não seja chato. Aprecie as zebras.