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A vida é básica

Na minha concepção o que nos torna diferente dos outros animais é nosso enrijecimento cultural. Vivemos em uma sociedade de excesso e escassez.


No nível do excesso está a produção, na escassez está a aquisição. Nessa relação, se encontra também a escassez da forma de se relacionar, que, constantemente se constrói pelo “mínimo”: se temos o mínimo, não precisamos de mais nada.


Quando criamos um filho precisamos dar acesso à educação, saúde, moradia, alimentação, um pouco de carinho e ensiná-lo a como se comportar no mundo.


Com nossos pais, precisamos retribuir esse cuidado quando precisarem de nós.


Com os animais, apenas comida, carinho e cuidados veterinários está ótimo. O animal não precisa de mais nada.


E o enriquecimento ambiental entra como uma ideia disruptiva e contracultural, porque elucida que o mínimo, não é o básico. O enriquecimento ambiental é proporcionar um ambiente prolífero para o desenvolvimento de um ser na sua integralidade, ou seja, é proporcionar um espaço criativo para que um ser seja ele mesmo.


E nessa sociedade binária, surge o pensamento: “nem o ser humano tem espaço e tempo para ser ele mesmo, porque vou desperdiçar recursos com os animais?”.


Isso é um tópico que escuto muito na minha relação com meus bichos, constantemente pessoas se assustam com o “excesso” de zelo que proporciono e nisso, entra, uma grande parcela de investimento financeiro e emocional em enriquecimento ambiental. Com o baixo nível de aquisição, não sobra tempo para pensar no outro, nem humano, quem dirá o não-humano.


No entanto, não quero que meus companheiros sobrevivam ou que apenas cumpram o papel de serem os “animais de estimação da Marcela”, eu espero que eles se desenvolvam na sua originalidade, que sejam seres únicos com quem compartilho a existência.


E, para isso, não é necessariamente necessário tamanho investimento financeiro, como faço, mas é necessário um investimento emocional, relacional e de tempo.


Porque o grande ato disruptivo da criatividade é compreender que vida vai para além da sobrevivência, ela é o conjunto de básicos.

1 Komentar


É muito interessante o modo como escreve sobre sua relação com os animais e as histórias deles e como nos faz pensar sobre a qualidade das nossas relações. Obrigada por compartilhar!

Suka
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Prazer, a humana.

Olá, meu nome é Marcela Figueiredo, sou artista, autista, psicóloga e arteterapeuta responsável por uma linda - e enorme - família multiespécie. Seja bem-vinde ao nosso mundo.
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