A repetição gera o aprofundamento
Existem três fatores que são essenciais para o aprendizado: a experiência, a repetição, e as relações.
A arteterapia, guiada pelo processo criativo, proporciona o encontro com os três fatores. O ato criativo é relacional e experiencial, e suscita emoções que auxiliam potentemente o processo terapêutico e a fixação das lembranças.
E a repetição, gera o aprofundamento. Essencial para a memória de procedimento, a repetição não é apenas uma ferramenta para nosso cérebro, como também é uma ferramenta para o desenvolvimento.
Um exemplo são os autorretratos de Rembrandt (1606 – 1669), o pintor, famosos pela quantidade de autorretrato realizadas, não apenas retrata a passagem do tempo, como também a forma como se observava. Por mais que os anos influenciem no resultado final, pode-se perceber aprofundamento técnico e subjetivo de suas obras.
Da mesma forma que uma obra não é igual a outra, nossas ações também não são iguais. Muitas vezes, ao achar que estamos "repetindo padrões", na realidade, estamos nos "re-conhecendo" naquele mecanismo.
Ao longo do processo terapêutico, passamos por situações parecidas, até cansamos, como se estivéssemos com a sensação de "viver em círculos".
Mas, na realidade, a forma como enfrentamos cada situação é diferente. Conforme nos tornamos mais conscientes, mais ferramentas temos para enfrentar as situações, até compreender o mecanismo por completo, recuperar o sentido e fazer diferente.
Assim como as obras que "repetimos" até esgotar as possibilidades e, quando sentimos que não há mais nada para explorar ali, buscamos outros caminhos.
Rembrandt, por exemplo, fez autorretratos ao longo de toda sua vida artística. Talvez, cada autorretrato realizado significasse uma retomada a si. E um novo reconhecimento. Uma obra não é igual a outra e, se na arte da vida nossos gestos são nossas obras, nossas imagens também não se repetem.
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